quinta-feira, 27 de maio de 2010

Catadores do lixão: Seinfra e Conselho Tutelar divergem sobre o assunto


     A problemática do lixão em Oriximiná é uma novela que já teve vários capítulos e com atores diferentes cada vez que vem à tona. Desta vez, Seinfra e Conselho Tutelar divergem sobre a real situação do lixão onde famílias sobrevivem com o que catam todos os dias.
   Segundo o Secretário de Infraestrutura, Alfeu Carpeggiani, a Seinfra cuida do lixão para mantê-lo da melhor maneira possível, ou seja, a empresa responsável pela coleta faz tudo corretamente. Sobre os rejeitos do matadouro, o secretário diz que é aterrado
 no quilômetro  15 adequadamente.



   Sobre os catadores de lixo, Carpeggiani diz que é um número de 13 que tiram do lixão o meio de sobreviver e inclusive uma senhora que faz carvão e colhe o lixo já tem bens adquiridos desse trabalho. “Essa senhora tem uma fonte de renda boa em detrimento desse trabalho que provem do lixo, isso não é crime”, diz. Sobre as crianças que os pais levam para o local que é impróprio para qualquer pessoa, o secretário reitera que é problema do Conselho Tutelar que é o responsável e sabe como aplicar a lei. “O conselho sabe como tomar as medidas cabíveis, essa incumbência não é da alçada da Seinfra”, diz ele. Carpeggiani termina disparando sua metralhadora giratória contra o Conselho onde afirma que tem crianças na ruas bebendo, usando drogas, se prostituindo e que mesmo sabendo que é a responsabilidade por essas crianças é da sociedade, mas quem deve fiscalizar é o Conselho Tutelar que ganha para isso, e não ficar fazendo politicagem  com a problemática do lixão.
   A conselheira tutelar Marcilete Filizolla, diz que em nenhum momento o conselho acusou a Seinfra de compartilhar com a situação, mas discorda com a afirmação do secretário que diz que tem pessoas que vivem do lixão e estão bem. “Dizer que tem pessoas que se mantêm catando lixo é um absurdo, é irresponsável, é querer incentivar outras pessoas a fazer o mesmo”. Ela conta que recentemente foi ao, local e encontrou uma mãe que levava as seis crianças, que deixavam de ir à escola para catar lixo. Imediatamente, o conselho encaminhou-os ao Creas que é a rede de proteção que o município dispõe para dar o atendimento necessário às essas famílias. Mas a conselheira sabe que outras famílias vão catar lixo e que também levam os filhos deles que se recusam a sair de lá. “Uma outra situação tivemos que chamar a polícia para que uma outra família deixasse o local”, explica Marcilete. Numa conversa com a mãe ela explicou sobre o risco que estão se submetendo de contrair doenças. Na mesma família havia uma criança com feridas no braço, o conselho encaminhou ao  médico.
   Nossa reportagem foi ao local e conseguiu conversar com um homem que também estava com a família que se evadiu no mato quando percebeu a nossa câmera. O homem que tem 42 anos, disse que cata lixo por que não tem emprego e nenhuma outra opção. “Não quero ver meus três filhos com fome, então venho para o lixão”, desabafa. Questionado o porquê de trazer os filhos menores, ele diz que não tem com quem deixá-los, pois está separado da esposa.
   Um autoridade de saúde que pediu para não ser identificada, diz que é preciso agir rápido e mudar essa situação.
   Sobre a construção de um aterro sanitário, oO secretário diz ainda que a prefeitura ainda não o construiu no quilômetro 15, por que esbarra na burocracia da Sema que todos os anos envia técnicos para Orixminá e nada resolvem. A Sema se defende dizendo que pelo fato do lixão está dentro do município, não responde pelo assunto.
   A verdade é que enquanto as autoridades responsáveis não tomam uma atitude, o número de pessoas que vivem do lixão só aumenta. 

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