A eventual vitória já no primeiro turno da
candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff é, hoje, uma das
principais apostas de cientistas políticos entrevistados pela Agência Estado. Na
avaliação desses especialistas, é pouco provável que algo interfira na
tendência de vitória da petista no dia 3 de outubro. Além disso, eles acreditam
que a ascensão de Dilma nos principais colégios eleitorais do País, como tem
mostrado as últimas pesquisas de intenções de voto, poderá gerar mudanças no
perfil atual das eleições estaduais, em benefício dos candidatos apoiados pela
petista.
O especialista em pesquisa eleitoral e em marketing
político Sidney Kuntz aponta que o cenário para a vitória da candidata do PT em
primeiro turno é ainda mais favorável do que foi o de 1998, quando o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito também em primeiro
turno. Naquelas eleições, o tucano venceu em 5 dos 7 maiores colégios
eleitorais do País, perdendo apenas no Rio de Janeiro e no Rio Grande no Sul. A
pesquisa Datafolha mostrou que Dilma está na frente de seus concorrentes em
todos esses Estados. “Só um escândalo ou algo realmente convincente, que faça
com que os eleitores pensem que ela não merece a confiança deles, pode tirar a
vitória da Dilma”. Será que o caso “Erenice” irá interferir?
Kuntz explica ainda que, desde as eleições de 1989,
nenhum candidato à sucessão presidencial que apresentou no final do mês de
agosto a vantagem que Dilma tem registrado nas últimas pesquisas de intenções
de voto, perdeu uma eleição. A consolidação de uma eventual vitória, de acordo
com o especialista, deve levar a petista a direcionar a munição nos próximos
dias para Estados onde existe a possibilidade do PT sofrer derrotas nas urnas.
O gesto pode, segundo ele, modificar o quadro eleitoral estadual, com chances
dos candidatos apoiados pela petista capitalizarem parcela do seu crescimento.
O cientista político Humberto Dantas, conselheiro
do Movimento Voto Consciente, atribui o crescimento de Dilma à capitalização
(pela candidata) da popularidade do presidente Lula. O analista observa que,
após dez dias do início do horário eleitoral gratuito, a candidata conquistou
os votos dos eleitores que diziam não saber em quem votar e arrebatou uma
parcela do apoio daqueles que votariam no candidato do PSDB na disputa, José
Serra.
O cientista político Marco Antônio Carvalho
Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), endossou a tese de que o cenário
atual é mais favorável a uma decisão em primeiro turno e observou que apenas
“algo fora do padrão” poderia ameaçar uma eventual vitória da candidata
petista. “As pesquisas apontam que Dilma cresceu sobre os eleitores do Serra,
principalmente depois do horário eleitoral gratuito”.