Mesmo sem brilhar, craque cobra com estilo, Fla vence Boavista por 1 a 0
e conquista, de forma invicta, seu 19º troféu do primeiro turno.
Foram 534 minutos em campo com a camisa
rubro-negra. Nas seis partidas pelo Flamengo desde que chegou, Ronaldinho
Gaúcho não conseguiu, até o momento, repetir as grandes atuações que o fizeram
ídolo no Barcelona, no Milan e na Seleção Brasileira. Mas craque, mesmo sem
brilhar, pode decidir. E numa cobrança de falta, relembrando outros camisas 10
marcantes, como Zico e Petkovic, o novo ídolo rubro-negro começou a escrever
sua história no clube. Aos 26 minutos do segundo tempo, bateu com maestria e
correu para o abraço. E, junto com o time, comemorou no embalo do "Bonde
sem freio", rap que virou hit entre os jogadores na semana da decisão, o
gol que garantiu, neste domingo, a vitória por 1 a 0 sobre o Boavista e a 19ª
Taça Guanabara para o clube, de forma invicta.
Ao fim da partida, todos os jogadores,
puxados pelo camisa 10, voltaram a fazer a coreografia do "Bonde do Mengão
sem freio". Ronaldinho comemorou como um garoto que iniciava a carreira. E
a torcida do Flamengo, que lotou o Engenhão, vibrou com a primeira conquista da
temporada 2011. "Que torcida é essa?", gritava, eufórica. Com
os jogadores já no alto do pódio para receber as medalhas e erguer o troféu,
cantou o hino do clube. E depois da volta olímpica, Ronaldinho fez questão de
chegar próximo da arquibancada para mostrar a taça. Euforia total.
O gol marcado deu a Ronaldinho, 46 dias
depois de sua apresentação apoteótica na Gávea, diante de 20 mil torcedores, a
alegria de, também, ser o responsável pelo primeiro grito de carnaval dos
rubro-negros. O camisa 10, que desfilará na Portela e na Grande Rio, poderá
brincar também à vontade no bloco que criou - Samba,.Amor e Paixão - no próximo
domingo.
Com a conquista da Taça Guanabara, o
Flamengo assegurou vaga cativa na decisão do Campeonato Carioca. Ao Boavista,
resta o consolo de ter feito boa campanha no primeiro turno e, pela primeira
vez, ter ido a uma decisão. O Verdão de Saquarema já volta a campo na
quinta-feira, na estreia da Taça Rio, em casa, contra o Bangu. O Rubro-Negro
inicia a campanha no segundo turno no sábado, contra o Olaria, no Raulino de
Oliveira, em Volta Redonda.
Ronaldinho de centroavante - O técnico Vanderlei Luxemburgo surpreendeu
ao sacar Deivid e escalar o argentino Bottinelli no meio-campo, deslocando
Ronaldinho para a posição de centroavante. A outra alteração foi a saída de
Ronaldo Angelim para a entrada de Egídio. A ideia, segundo o treinador, era
usar três meias - Thiago Neves, Renato e Bottinelli - para municiar o camisa
10. A opção pelo lateral era criar pelo lado esquerdo mais uma opção de ataque.
Foi até do camisa 6 a primeira boa jogada,
aos cinco minutos. Foi à linha de fundo e centrou para Thiago Neves cabecear. A
zaga do Boavista interceptou. Mas o que se viu em boa parte do primeiro tempo
foi um Flamengo tocando muito a bola, mas com poucas infiltrações para criar
oportunidades. Com Ronaldinho preso na área e Bottinelli e Thiago Neves errando
passes, o esquema de Vanderlei não deu certo.
O Verdão de Saquarema, desde o início, dava
a senha do que seria sua estratégia: esperar o Flamengo em seu campo para
partir em contra-ataque e aproveitar os buracos da defesa. Durante os 11
primeiros minutos, nem uma coisa nem outra. O Flamengo só conseguiu a primeira
boa jogada de gol quando Ronaldinho saiu da área e foi para a ponta esquerda.
Livrou-se de Bruno Costa e centrou para Thiago Neves cabecear pelo lado
direito. Mas o goleiro, xará do camisa 7, espalmou para escanteio. Pouco
depois, pela direita, Léo Moura recebeu na medida de Thiago Neves e bateu
cruzado, para fora, na melhor oportunidade.
Se o Flamengo melhorava o seu toque de bola,
o Boavista não conseguia puxar os contra-ataques. Renato era eficiente no
primeiro combate, e Willans e Maldonado marcavam em cima Tony e Leandro Chaves,
os armadores da equipe da Região dos Lagos. Com isso, Frontini não conseguia
ser acionado.
Queda de ritmo - Com os termômetros marcando 42 graus no
Engenhão, os dois times caíram de ritmo. Muito marcado na área, Ronaldinho caía
pelos flancos para ajudar na armação, mas pouco dava sequência às jogadas.
Bottinelli, sem ritmo de jogo, errava o último passe. Thiago Neves raramente
servia bem e pecava pelo excesso de individualismo.
O time só voltou a levar susto à meta do
Boavista num lance sem querer de Egídio. Na tentativa de centrar para a área,
ele quase encobriu o goleiro Thiago, que se esticou para espalmar a bola. O
goleiro voltou a aparecer bem aos 40 minutos, quando o Flamengo acertou uma
jogada pela direita, no lançamento de Maldonado para Bottinelli. O argentino
foi à linha de fundo e centrou para encontrar Ronaldinho, que vinha na corrida.
Mas Thiago saiu bem do gol e espalmou, salvando o Boavista.
No fim do primeiro tempo, as duas equipes se
aproveitaram de erros para criar chances de abrir o placar. Na única que o
Boavista teve, Leandro Chaves levou a melhor após desequilíbrio de Maldonado,
que ao partir para tentar dominar a bola - mal passada por Willians - caiu. O
camisa 10 do Verdão de Saquarema chutou com violência, mas no meio do gol.
Felipe rebateu. O Flamengo contra-atacou com Welinton na área adversária. Em
bola resvalada erradamente pela zaga, o camisa 3 rubro-negro apanhou a sobra e
bateu por cima.
Negueba em campo - Vanderlei atendeu aos pedidos da torcida e
lançou Negueba no lugar de Bottinelli, no segundo tempo. O Boavista começou a
sair um pouco mais para o ataque, e o técnico Alfredo Sampaio, com dez minutos,
botou o lateral-direito Joílson no lugar de Bruno Costa, para subir melhor.
Depois que Negueba fez boa jogada pela
direita e centrou para Thiago Neves, que chegou atrasado, Vanderlei resolveu
mexer no Flamengo novamente. Sacou Egídio para pôr o atacante Diego Maurício.
Com isso, Renato foi para a lateral, e Ronaldinho voltou ao meio-campo. As
jogadas não saíam. A torcida se irritava, Vanderlei também. Ao reclamar de uma
falta de Maldonado marcada pelo árbitro, acabou advertido. O Boavista ensaiava
sair mais para o jogo, mas esbarrava nos erros de passes e na boa cobertura
rubro-negra.
Gol de falta - Aos 25 minutos, começou o lance capital da
partida e de Ronaldinho na Taça Guanabara. Edu Pina derrubou Thiago Neves
próximo da área. Não houve quem não pedisse o craque para bater. E o camisa 10
relembrou os grandes tempos de Barcelona ao cobrar com maestria. A bola cobriu
a barreira e foi caindo à esquerda de Thiago, que sequer pulou. Antes de a bola
entrar, o ídolo já saiu correndo para comemorar. E, junto com o time, fez a
coreografia do "Bonde do Mengão sem freio", inspirado no funk que virou
febre entre os jogadores.
Com a vantagem, Vanderlei fortaleceu a
defesa ao trocar o cansado Thiago Neves por Ronaldo Angelim. Pouco depois, após
dividida em que Renato Abreu bateu com o joelho no peito de Frontini, o
atacante do Boavista deu um tapa no jogador rubro-negro, que valorizou o lance.
O átbitro expulsou o argentino.
O Boavista pressionou, e no fim da partida,
o time reclamou de pênalti em Gustavo, não marcado pelo árbitro. O time de
Saquarema lutou, mas a Taça GB já tinha dono. Mais uma vez, foi para a Gávea.
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