sábado, 23 de janeiro de 2010

Derivados da mandioca dobram de preço gerando escassez na mesa do consumidor


   Em dezembro do ano passado, o frasco da farinha “do Caipuru” era adquirido por R$ 2,50. Hoje, em menos de 60 dias, o preço já subiu 100%, chegando aos R$ 5,00. A escalada de aumentos tem causado mudanças na vida do consumidor que está acostumado ao consumo diários desse produto.
   Para o agricultor Manoel Vieira, da comunidade do Castanho, no Médio Trombetas, que trabalha há quarenta anos com a cultura de mandioca, a grande razão para o preço alto é a escassez dos derivados da mandioca devido à grande enchente seguida de uma forte estiagem. “Não há roça madura, toda a região ribeirinha foi castigada pela enchente e estiagem e não tem o que colher. Com isso os produtos, principalmente a farinha, somem, e quando aparecem o preço tende a subir”, esclareceu o agricultor.
   A lavradora Rita de Souza, que vive com nove filhos, também está preocupada com o aumento dos preços e culpa o poder público que, segundo ela, não ajudou logo após o final da grande cheia. Rita afirma que a comunidade do Acapuzinho está passando muitas dificuldades no manejo da roça. “A carestia é grande. Para chegar ao local da roça é necessário caminhar dois quilômetros. Hoje está intrafegável e ninguém faz nada. As pontes estão destruídas e isso dificulta o deslocamento”, disse indignada. Sobre os atravessadores, que compram a farinha e depois revendem mais caro, a lavradora disse que não vê nenhum problema e acha normal. “Queremos vender o nosso produto para voltar logo para casa”, finalizou.
   Walter Luiz, que trabalha na lavoura da mandioca há cerca de 20 anos na comunidade do Salgado, disse que logo após a enchente, pouco se podia fazer, haja vista que a mandioca que havia sido plantada no início de 2009 já estava perdida. “As autoridades não buscam solução para os problemas dos agricultores e parece que não tem uma estrutura adequada para resolver isso, portanto deve durar mais um ano”, desabafou.
   Com exclusividade, Jones Dan Guereiro, que é diretor de abastecimento da feira municipal, falou ao Lado Oeste e concordou que a forte enchente seguida de uma estiagem também expressiva causou esse aumento no preço dos derivados da mandioca. “Na estiagem, o calor muito forte ressecou a raiz da mandioca, e fez com que não servisse mais para a lavra e isso dificultou o cultivo. Sobre o preço, é a lógica: se há procura maior que a demanda, a tendência é que se eleve o preço, mas acredito que agora irá se manter”, concluiu. Em relação aos atravessadores, Dan disse que o agricultor quer mais é vender o produto não importa a quem. “Não podemos fazer nada com relação a isso, infelizmente”, lamentou o diretor.


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